Pela primeira vez, os carros da Tesla foram incluídos numa lista de compras do governo chinês, segundo a publicação estatal Paper.cn.
A companhia foi a única marca de veículos elétricos estrangeira incluída na compra efetuada pelo governo da província de Jiangsu. As outras fabricantes mencionadas no catálogo são a Volvo (propriedade da chinesa Geely) e a estatal SAIC.
Isso significa que órgãos públicos da província podem utilizar os veículos da Tesla como carros oficiais.
O caso viralizou nas redes sociais chinesas, onde questionaram se os carros estrangeiros deveriam ser usados pelo governo.
O governo de Jiangsu tentou aliviar essas preocupações dizendo que o modelo da Tesla é “um carro nacional, não importado”, de acordo com uma reportagem do jornal estatal National Business Daily na quinta-feira (4), citando um funcionário do governo.
A Tesla, que opera uma grande fábrica em Xangai, produziu cerca de 947.000 carros na China em 2023, e a maioria deles foi usada localmente.
O governo de Jiangsu não respondeu aos telefonemas da CNN Internacional. No catálogo de compras do governo, o Model Y da Tesla, feito em Xangai, foi listado por 249.900 yuans (US$ 34.377).
A China se tornou um mercado cada vez mais importante para a Tesla, já que o país responde por mais da metade das vendas totais carros elétricos do mundo. No ano passado, a Tesla obteve quase um quarto de sua receita total da China.
Mas a montadora dos EUA também está enfrentando uma competição crescente de rivais chineses. A BYD ultrapassou a Tesla no último trimestre de 2023 como a maior vendedora de EVs do planeta.
A Tesla recuperou sua posição no primeiro semestre deste ano, mas a corrida está pescoço a pescoço.
Carros da Tesla já haviam sido proibidos de entrar em alguns complexos governamentais e militares na China devido a preocupações com espionagem e segurança de dados.
Essas restrições foram suspensas em abril, quando uma das principais associações automotivas do país anunciou que os carros da Tesla passaram pelos requisitos de segurança de dados da China.
O anúncio ocorreu no mesmo dia em que Musk visitou Pequim e se encontrou com o premiê Li Qiang, que elogiou a Tesla como um “modelo de sucesso” para a colaboração EUA-China.
Tarifas da UE
Mas, na maioria das frentes, as tensões entre a China e o Ocidente estão aumentando.
A Comissão Europeia confirmou na quinta-feira que aplicaria tarifas adicionais de até 37,6% a partir desta sexta-feira (5) sobre as importações de veículos elétricos fabricados na China.
As tarifas, que foram anunciadas pela primeira vez no início de junho, são vistas como uma medida necessária da UE para impedir uma enxurrada de carros chineses baratos construídos com apoio “injusto” do governo.
A Tesla, uma grande exportadora de elétricos feitos na China para a Europa, solicitou um cálculo de tarifa separado, de acordo com a Comissão.
Atualmente, a empresa enfrenta uma tarifa adicional média de 20,8% como parte de um grupo de empresas que cooperam com a investigação da UE.
A Tesla não respondeu aos pedidos de comentário.
*Com informações de Joyce Jiang