A temporada de 2024 promete novidades interessantes quanto à eletrificação de carros produzidos no Brasil. Um dos principais grupos automotivos da região já tem traçada sua estratégia, enquanto as novatas chinesas GWM e BYD têm sacudido o mercado brasileiro. Trata-se da Stellantis, empresa dona de Fiat, Jeep, Peugeot, Citroën e Ram, dentre outras.
A estratégia é chamada Bio-Hybrid, uma solução de eletrificação pensada para a América Latina. São quatro alternativas, desde sistema híbrido-leve até um carro 100% elétrico. E a Stellantis já cravou: o primeiro modelo com tal tecnologia será fabricado em Goiana (PE).
As quatro plataformas de motopropulsão híbrida foram desenvolvidas pelo Tech Center Stellantis na América do Sul, em colaboração com fornecedores e pesquisadores. Segundo a empresa, todas as três fábricas do grupo no país, Betim, Goiana e Porto Real são aptas a produzir os carros híbridos flex.
Em sua fábrica no Nordeste Brasileiro, a empresa produz os modelos Fiat Toro, Ram Rampage e os Jeep Renegade, Compass e Commander. Destes produtos, fica fácil saber qual será o primeiro híbrido flex feito no Brasil pela empresa: Compass.
O SUV médio já possui versão híbrida, a 4xe que combina motor 1.3 turbo somente a gasolina e um motor elétrico no eixo traseiro. Importado da Itália, nunca deslanchou em vendas. Porém, nesse estado avançado de tecnologia, basta adaptar para que o SUV também utilize combustível de cana.
Começar seus elétricos com produtos de alto valor agregado é uma receita de sucesso, já aplicada pela Toyota com o Corolla Cross e Corolla. No entanto, para os próximos anos teremos opções eletrificadas para carros populares e até mesmo modelos EV.
Bio-Hybrid
Trata-se de uma plataforma “de entrada” na eletrificação: o motor ganha dispositivo elétrico multifuncional que gera torque adicional para o motor térmico e energia elétrica para carregar a bateria adicional de Lítio-Íon de 12 Volts, reduzindo o consumo de combustível. Essa engenharia mais simples pode ser amplamente aplicada, inclusive em veículos mais baratos.
Bio-Hybrid e-DCT
O segundo degrau das plataformas já conta com dois motores elétricos e uma bateria de Lítio-Íon de 48 Volts. O conjunto híbrido-leve é voltado para eficiência e economia, com uma gestão eletrônica que permite operação térmica, elétrica ou híbrida.
Bio-Hybrid Plug-in
Terceiro nível da eletrificação híbrida flex, a plataforma Bio-Hybrid Plug-in possui uma bateria de Lítio-Íon de 380 Volts que pode ser recarregada por meio do motor térmico do veículo, por sistema de regeneração ou fonte de alimentação externa elétrica, otimizando eficiência e economia. É um conjunto semelhante ao presente no Compass 4Xe, mas com produção local.
BEV (100% Elétrica)
Plataforma para veículos movidos a bateria, nesse caso o carro é totalmente impulsionado por um motor elétrico de alta tensão. O bloco é alimentado por uma bateria recarregável de 400 Volts, oferece torque instantâneo e desempenho responsivo. Segundo a Stellantis, nesse caso seriam EVs com potência a partir de 122 cv e baterias de, ao menos, 44 kWh.
De acordo com a Stellantis, todas as fábricas brasileiras da empresa podem produzir veículos de qualquer uma dessas plataformas. Além do trabalho de engenharia, também o Safety Center de Betim está recebendo investimento para avaliar segurança de carros elétricos, o que inclui teste de mergulho dos carros.
“O Brasil tem a oportunidade de fazer uma transição mais planejada e menos onerosa, aproveitando-se da gradual redução dos custos decorrentes da massificação da tecnologia”, afirma João Irineu, vice-presidente de assuntos regulatórios da Stellantis para América do Sul