A França deve introduzir um esquema que subsidiará reparos em roupas e calçados, a fim de reduzir o desperdício e a poluição da indústria têxtil que aquece o planeta.
De acordo com o esquema, anunciado pelo secretário de estado para ecologia Bérangère Couillard na terça-feira (11), descontos que variam de 6 euros (R$ 32) a 25 euros (R$ 134) estarão disponíveis, dependendo da complexidade do reparo.
Por exemplo, um simples pedaço de costura receberá um subsídio de 6 euros, enquanto o conserto de um par de calçados pode ter um desconto de 25 euros.
“Isso poderia encorajar as pessoas que compraram, por exemplo, sapatos de uma marca que os fabrica em boa qualidade a querer consertá-los em vez de se desfazer deles”, disse Couillard em uma coletiva de imprensa.
“E é exatamente esse o objetivo, criar uma economia circular para calçados e têxteis de modo que os produtos durem mais, porque no governo acreditamos na segunda vida de um produto.”
Couillard disse que a indústria têxtil está a caminho de responder por um quarto das emissões globais de gases de efeito estufa até 2050, a segunda indústria mais poluente do mundo.
“O que espero é que os franceses percebam o que podemos ver, que é o impacto da indústria têxtil no mundo hoje”, disse ela. “Para que eles mesmos possam perceber a aberração da maneira como consumimos agora.”
O Ministério da Ecologia instruiu uma organização privada francesa chamada Refashion a iniciar a medida.
Alfaiates, marcas de roupa e oficinas podem aderir gratuitamente à iniciativa por meio da Refashion, que irá recolher uma pequena “eco-contribuição” sobre as vendas para cobrir o subsídio. O governo não financiará a medida, que está programado para começar em outubro.
Para os clientes, o subsídio será descontado diretamente da conta. A Refashion providenciará então para que as empresas participantes do programa sejam reembolsadas no prazo de 15 dias.
A organização diz que 3,3 bilhões de peças de roupas, sapatos e roupas de cama foram colocadas no mercado na França em 2022 e, segundo o ministério, 700 mil toneladas de roupas são jogadas fora pelos franceses a cada ano, dois terços das quais acabam em aterros sanitários.
O esquema segue uma iniciativa francesa semelhante para produtos de linha branca, como geladeiras e máquinas de lavar.