Desde que assumiu a presidência do G20, o Brasil vinha apontando que iria priorizar a agenda climática nas reuniões do bloco.
E esta segunda-feira (26), o grupo das 20 maiores economias do mundo realiza o Fórum Brasileiro de Finanças Climáticas, para debater a agenda do G20 Social em evento que antecede a reunião do bloco.
O financiamento climático, principal tema da mesa, se caracteriza por “fundos e mecanismos de financiamento, estabelecidos ou regulados internacionalmente, para apoiar países na transição climática e no combate aos seus efeitos”, de acordo com a Fundação Getulio Vargas (FGV).
“O objetivo do financiamento climático é fornecer recursos financeiros e técnicos para projetos e programas que promovam a redução de emissões de gases de efeito estufa, a proteção contra os impactos das mudanças climáticas e a promoção de uma transição energética justa e sustentável”, conclui.
Entre as áreas que recebem investimentos estão energia renovável, eficiência energética, agricultura climaticamente inteligente e adaptação ao clima.
Segundo a FGV, as principais fontes de financiamento climático são:
- Fundo Verde para o Clima;
- Mecanismo de Desenvolvimento Limpo da ONU;
- Mercado Global de Carbono (em desenvolvimento);
- E outras iniciativas governamentais e privadas.
Modelos como o Mercado de Carbono e títulos verdes têm sua regularização amplamente discutida no Brasil. Em dezembro, a Câmara dos Deputados aprovou a regulamentação do Mercado de Carbono no país.
A proposta regula as instalações em território brasileiro que emitam mais de 10 mil toneladas de gases do efeito estufa por ano.
Para a relatora, a senadora Leila Barros (PL-DF), “o projeto é fundamental para o país atingir metas de emissões de gases do efeito estufa, retomar nosso protagonismo mundial na questão climática, proteger nossos produtos de exportação de tarifas cobradas com base na pegada de carbono, financiar a transição energética e atrair investimentos para o país”.
Nesta segunda-feira, o governo anunciou um programa que visa oferecer proteção cambial para investimentos estrangeiros em projetos sustentáveis no país.
O Eco Invest Brasil terá o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) como intermediário. De acordo com o Ministério da Fazenda, o instrumento se faz importante diante da volatilidade do real, uma vez que o custo de proteção cambial para prazos mais longos é tão alto que inviabiliza investimentos ecológicos em moeda estrangeira.
Os investimentos são importantes devido à urgência que o mundo coloca sobre projetos de sustentabilidade e assim promover sua viabilidade.
“A transição energética é de interesse multinacional e demandará um volume de investimento que não ocorrerá em sua plenitude se não contar com a poupança externa que os investimentos diretos aportam”, avalia Luciano Fantin, Sócio Fundador da The Sharp Fintech.
“Não só a área de geração de energia, mas a de transmissão e distribuição sofrerão uma revolução na próxima década. E é essencial a participação estrangeira para potencializar a capacidade do Brasil em pegar este bonde da história que está hoje de porta aberta esperando pelo nosso embarque.”
O movimento vai em linha com um apontamento do diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo. Em evento organizado pela Câmara Espanhola em São Paulo, Galípolo disse que o país tem uma taxa de investimento “relativamente baixa” há muito tempo.
Contudo, a autoridade monetária ponderou que o Brasil está em posição privilegiada para reverter essa situação, principalmente por suas vantagens competitivas na transição energética.
E de acordo com um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) publicado em outubro, o Brasil recebeu US$ 114,8 bilhões em investimentos no setor de energias renováveis entre 2015 e 2022.
Esse montante representa 11% do valor total investido para energia sustentável em economias emergentes e colocou o Brasil como líder em investimentos internacionais.
*Sob supervisão de Ligia Tuon