Um estudo realizado pela CELA (Clean Energy Latin America) afirmou que o volume de financiamento via instituições financeiras e mercado de capitais para a geração de energia solar no Brasil, tanto em grandes usinas centralizadas quanto em pequenos sistemas em telhados e terrenos, caiu no ano passado e atingiu a marca de R$ 18,3 bilhões em 2023, queda de 48% ante os R$ 35,1 bilhões verificados no ano anterior.
Segundo o levantamento, que apurou os desembolsos das principais instituições financeiras que promovem o fomento da geração de eletricidade com a tecnologia fotovoltaica, entre públicas, privadas, cooperativas de crédito e fintechs, a queda dos créditos para as usinas de grande porte foi de 39% no último ano, com R$ 8,4 bilhões destinados aos empreendimentos, contra os R$ 13,7 bilhões no exercício anterior.
Os financiamentos para sistemas de geração própria de energia solar em telhados (geração distribuída) caíram 61% em 2023, com R$ 4,7 bilhões aplicados no ano. Já as usinas solares remotas de geração distribuída (geração compartilhada e autoconsumo remoto) tiveram recursos de R$ 5,2 bilhões, uma queda de 45% em comparação com os R$ 9,4 bilhões em 2022.
De acordo com a CELA, o montante de financiamento em 2023 para os empreendimentos de energia solar significa o primeiro ano que o país retrocede no volume de créditos destinados no setor.
“O volume de financiamento caiu de forma significativa, apesar do forte crescimento das novas instalações de energia solar no Brasil. Isso reflete o aumento das taxas de juros do país, e consequentemente das linhas de financiamento, fazendo com que consumidores e empreendedores priorizassem o capital próprio (equity) nos projetos solares de geração distribuída”, diz Camila Ramos, CEO da CELA.
Além disso, afirmou que o aumento das taxas de inadimplência nos financiamentos no Brasil e para projetos solares de geração distribuída fizeram com que as instituições financeiras diminuíssem sua exposição neste tipo de projetos.
“Já para a energia solar na geração centralizada, a maior queda no financiamento foi nas emissões de debêntures, apesar do financiamento via BNDES e BNB ter caído um pouco também”, acrescentou.
Conforme o estudo, outro fator que influenciou na queda dos financiamentos foi a ausência de participação de uma instituição financeira que participa todos os anos do levantamento feito pela CELA desde 2019. No entanto, este impacto foi parcial nos resultados.
Energia eólica
A CELA também acompanhou o financiamento em energia eólica, em que o valor atingido foi de R$ 10,8 bilhões em 2023. Com isso, o valor total de financiamento via instituições financeiras para as renováveis atingiu R$ 29,1 bilhões no mesmo ano.