Energia Solar na UE em risco: Especialistas exigem cibersegurança

Relatório europeu pede medidas urgentes para proteger sistemas fotovoltaicos residenciais e comerciais contra ataques digitais
A energia solar está a transformar o panorama energético europeu. Mas essa transformação, impulsionada pela digitalização e descentralização, está a expor milhares de sistemas solares a novos perigos. A ausência de normas específicas de cibersegurança para os chamados produtores distribuídos — como os painéis solares instalados em telhados — é hoje um dos maiores pontos fracos da rede elétrica da União Europeia.
Energia solar na Europa em risco: especialistas exigem regras de cibersegurança à medida
Essa é a principal mensagem de um relatório elaborado pela DNV e encomendado pela associação SolarPower Europe, que defende ações políticas imediatas para proteger os equipamentos ligados à rede elétrica, sobretudo aqueles fora do controlo direto das grandes operadoras.
“Estamos a entrar numa nova era da energia, onde a proteção digital é tão essencial quanto a produção física”, alerta Walburga Hemetsberger, CEO da SolarPower Europe.
Tabela de Conteúdos
Sistemas de energia solar vulneráveis, mesmo em casas e empresas
Ao contrário das grandes centrais de produção, que já seguem regras rígidas, os sistemas fotovoltaicos de pequena escala — geridos por famílias, PME e instaladores — são vistos como equipamentos eletrónicos comuns. Muitos funcionam como dispositivos inteligentes ligados à Internet, mas sem proteção adequada. Este cenário torna-os alvos fáceis para ataques maliciosos, que podem ter consequências reais na estabilidade da rede elétrica.
O relatório identifica 14 áreas críticas de risco cibernético. Destas, 3 são classificadas como risco crítico, 6 como alto risco e as restantes como risco médio. Os investigadores sublinham que um ataque bem-sucedido a 3 GW de capacidade solar descentralizada pode ter um impacto profundo em toda a rede europeia.
Proteger a energia é proteger as pessoas

A necessidade de intervenção política torna-se ainda mais urgente após o apagão que afetou Portugal e Espanha a 28 de abril de 2025. Embora a causa esteja ainda a ser investigada — fala-se num fenómeno atmosférico raro —, especialistas alertam que eventos semelhantes podem resultar de ações coordenadas de cibercrime ou ciberataques patrocinados por estados.
Atualmente, leis como a diretiva NIS2 e o novo Cyber Resilience Act abrangem algumas áreas da infraestrutura energética digital. No entanto, segundo o relatório, estas regras são insuficientes para lidar com a realidade fragmentada e descentralizada dos sistemas solares domésticos e comerciais.
A DNV recomenda que a União Europeia restrinja o controlo remoto de inversores solares a operadores dentro do próprio bloco, evitando acessos externos que possam comprometer a segurança.
Um investimento que vale a pena
A digitalização promete ganhos significativos em eficiência energética. Estima-se que as poupanças para o sistema europeu possam atingir os 160 mil milhões de euros por ano, se forem aproveitadas de forma segura. Mas para que isso aconteça, é preciso antecipar os riscos e reforçar a proteção dos sistemas energéticos locais.
A SolarPower Europe pede, por isso, a implementação de uma política de cibersegurança feita à medida da nova realidade energética: milhares de produtores, em centenas de milhares de pontos, ligados a uma rede que precisa de ser resiliente, segura e confiável.
A organização já tinha publicado um documento de posição em julho de 2024, alertando para estas lacunas e defendendo a criação de um padrão europeu específico para equipamentos solares.
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