Espanhóis desenvolvem painéis solares híbridos fotovoltaicos e termosolares

E se fosse possível produzir eletricidade e aquecer água em simultâneo com o mesmo painel solar? Essa tecnologia já existe — e está mais próxima do que nunca de chegar ao mercado global.
Efetivamente graças a um projeto inovador liderado pela empresa tecnológica Ghenova, surgem agora painéis híbridos que combinam a tecnologia fotovoltaica e termosolar, aumentando a eficiência energética do sistema solar.
Tabela de Conteúdos
Painéis solares híbridos: Mais energia e mais eficiência
Ao contrário dos sistemas solares fotovoltaicos tradicionais, que só produzem eletricidade, os painéis híbridos aproveitam também o calor do sol. Na prática, isso permite produzir energia elétrica e térmica ao mesmo tempo. Ou seja: o mesmo espaço ocupado por painéis passa a produzir outra fonte energética.
Esta solução é especialmente vantajosa para edifícios que consomem grandes volumes de energia e água quente — como hotéis, hospitais, indústrias ou centros desportivos. Com este tipo de tecnologia, é possível reduzir a dependência da rede elétrica, cortar custos mensais e acelerar o retorno do investimento.
A tendência dos sistemas híbridos não é de todo uam novidade, mas a sua evolução tem sido acelerada por projetos de investigação como o SPIRE (Solar Power Integrated Generation System), liderado pela Ghenova Ingeniería, em parceria com a MC2 Ingeniería y Sistemas e a ATA Renewables.
Apoio europeu e inovação com impacto real
Este avanço tecnológico só foi possível com o apoio financeiro do programa FEDER Innterconecta, agora relançado como Innterconecta STEP, uma iniciativa do Centro para el Desarrollo Tecnológico y la Innovación (CDTI). O projeto recebeu perto de 950 mil euros, num orçamento total de 1,8 milhões de euros, com o apoio técnico da Corporación Tecnológica de Andalucía (CTA).
Francisco Cuervas, CEO da Ghenova, destacou o papel da CTA no sucesso do projeto: “Foi fundamental para estruturar e dimensionar o projeto, tanto do ponto de vista técnico como em termos de consórcio.”
O projeto SPIRE não se limitou à criação de protótipos. Incluiu também o desenvolvimento de modelos de eficiência energética e o design de seguidores solares específicos para esta nova geração de painéis. O resultado foi tão promissor que já deu origem a duas patentes e está a ser aplicado em instalações-piloto.
Da investigação ao mercado: o nascimento da BlueSolar
O impacto do SPIRE foi tal que levou à criação de uma nova empresa: BlueSolar, fruto de uma parceria entre a Ghenova e a Capsun. A missão? Levar esta tecnologia solar híbrida até à fase pré-comercial.
Foi com esse objetivo que nasceu o projeto Mohfar, também financiado pelo CDTI e pela CTA, com o objetivo de aproximar esta inovação do mercado e aumentar o seu nível de maturidade tecnológica (TRL).
Para especialistas como os da IEA-PVPS (International Energy Agency – Photovoltaic Power Systems Programme), soluções solares híbridas como esta representam um passo natural para a evolução da energia solar: mais versáteis, mais rentáveis e mais adaptadas às necessidades reais de consumo.
Innterconecta STEP: mais inovação e cooperação
O novo Innterconecta STEP, com candidaturas abertas até 19 de maio, é uma versão atualizada do programa que financiou o SPIRE. O foco está em projetos de investigação e desenvolvimento (I+D) em cooperação entre empresas, especialmente em regiões menos desenvolvidas.
Com um orçamento total de 90 milhões de euros, dos quais 68 milhões destinados à Andaluzia, o programa visa promover tecnologias estratégicas para a Europa — como energias limpas, neste caso destaca-se o apoio na energia solar, soluções digitais e biotecnologias.
Empresas interessadas podem contar com o apoio da CTA para encontrar parceiros adequados e formar consórcios elegíveis. Mais informações estão disponíveis no site oficial do CDTI e na página da CTA.