Os eclipses solares são fenômenos astronômicos comuns que ocorrem no nosso planeta e, há milhares de anos, já eram observados por sociedades antigas como os maias. Os conhecimentos desses povos eram tão avançados que eles conseguiam prever eclipses solares muito antes da invenção de qualquer equipamento moderno.
Em um novo estudo publicado na revista científica Science Advances, dois cientistas norte-americanos propõem uma explicação para entender como esses povos antigos conseguiam prever eclipses.
Textos maias sobre eclipses
O estudo analisa especificamente um texto maia ecli, em que o método exato utilizado para prever eclipses solares ainda é um mistério. Os cientistas apresentaram uma hipótese detalhada que descreve como esse processo provavelmente acontecia durante o período medieval.
Os pesquisadores John Justeson, da Universidade de Albany, e Justin Lowry, da Universidade Estadual de Nova York, analisaram um texto de 78 páginas escrito em papel feito de casca de árvore. Redigido à mão entre os séculos XI e XII, o documento reúne diversos conhecimentos maias relacionados à astronomia, medicina, estações do ano e outros temas.
Grande parte dos textos maias foram destruídos durante a Inquisição Espanhola, como aqueles que continham mais dados sobre a previsão de eclipses. Um dos poucos registros que sobreviveram é justamente esse documento analisado no estudo, conhecido como Códice de Dresden.
A importância dos eclipses para os maias
A cultura maia é considerada uma das civilizações antigas mais avançadas da história, especialmente por causa de seu calendário; que ganhou fama mundial devido à teoria do “fim do mundo” em 2012.

Porém, esse calendário tinha como principal função ajudar a prever movimentos astronômicos e orientar a organização da sociedade maia. Justamente como a previsão dos eclipses solares.
Não podemos deixar de mencionar que os astros também estavam ligados à religião dos maias. Tanto que, durante períodos de eclipse solar total, eram realizadas cerimônias de sacrifício ao deus que representava o Sol.
Esses rituais faziam parte da crença de que os deuses garantiriam boas colheitas, renovação e outros pedidos importantes para a sociedade maia.
Como os maias previam eclipses solares?
Ao analisar o Códice de Dresden, os pesquisadores estudaram uma tabela usada pelos maias por mais de 700 anos, com registros de 405 meses lunares. Até então, os cientistas sabiam que esse material estava relacionado aos estudos maias sobre eclipses, mas ainda não entendiam exatamente como era utilizada.
Ao comparar a tabela com o calendário maia e com o conhecimento moderno sobre os ciclos lunares, os pesquisadores concluíram que os maias realmente conseguiam prever eclipses solares por séculos.
Os cientistas propõem que, em vez de reiniciar a contagem do calendário após os 405 meses lunares, os maias reiniciavam o ciclo a partir do 358º mês, o que permitia manter a precisão das previsões.
“Esse procedimento também implicaria que, ocasionalmente, a primeira data em uma tabela sucessora seria definida no 223º mês, cerca de 10 horas e 10 minutos depois em relação a esse alinhamento, para ajustar os desvios que se acumulam gradualmente devido às reinicializações no mês 358”, os pesquisadores explicam.
O mais impressionante é a precisão dessas previsões: o cálculo apresentava um desvio de apenas algumas horas em relação ao momento exato de todos os eclipses solares que ocorreram na região entre 350 e 1150 d.C.
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