Nos últimos dois anos houve um aumento da pauta climática e o crescimento de negócios com atuação fora do Sudeste. Essas foram algumas das conclusões do Mapa de Negócios de Impacto Socioambiental.
O estudo, conduzido pela Pipe.Social e pelo Quintessa, é feito a cada a cada dois anos desde 2017 e mostra o perfil do empreendedor e dos negócios no país. Nesta quarta edição do levantamento, 1.011 negócios de impacto e mais de 11 mil empreendedores participaram.
Os números mostraram que a maior parte das empresas (58%) ainda tem sede na região Sudeste. No entanto, o impacto gerado por elas está presente em âmbito nacional. A operação destas empresas é de 59% no Sudeste; 37%, no Nordeste; 37%, no Sul; 30%, no Centro-Oeste; e 28%, no Norte.
Sobre o tempo no mercado, as firmas que têm de 2 a 5 anos correspondem a 31% do total pesquisado. Já 29% têm de 5 a 10 anos; 15% desses negócios têm mais de 10 anos, mostrando a maturidade do ecossistema. Outro dado relevante é que 84% dos negócios estão formalizados: 41% são Sociedade LTDA.
“É interessante notar uma tendência: alguns negócios com maior tempo de atuação do mercado geraram spin-offs – lançamento de uma solução que se transforma em um negócio separado, a partir de uma empresa já existente. Em tecnologias verdes, por exemplo, algumas soluções para a agricultura ou para a gestão de resíduos desenvolveram braços de atuação para acolher o aquecimento do mercado de carbono”, analisa Mariana Fonseca, uma das coordenadoras do mapeamento, acrescentando que 84% dos negócios têm fins lucrativos.
Segundo os dados levantados, 50% dos negócios pesquisados têm por modelo a venda direta, seguidos por prestação de serviços (36%); venda direta única (32%); e assinatura (29%). No modelo de comercialização, 59% são empresas que vendem para outras empresas; 36% fazem parceria com outras empresas para chegarem ao consumidor; 33% são as cujo consumidor final é o público-alvo das vendas de produtos ou serviços; 26% trabalham com venda para organismos públicos, licitações e pregões eletrônicos.
Finanças dos negócios de impacto
Na análise do faturamento em 2022, tendo por base 514 negócios que declararam seus ganhos, o Mapa de Negócios de Impacto Socioambiental aponta que 29% das empresas faturaram até R$ 50 mil; 12%, de R$ 51 mil a R$ 100 mil; 21%, de R$ 101 mil a R$ 500 mil; 13%, de R$ 501 mil a R$ 1 milhão; 22% entre R$ 1,1 milhão e 10 milhões; e 3%, acima de R$ 10 milhões.
“Na edição anterior, apenas 3% dos negócios declararam faturar mais de R$ 2,1 milhões por ano. Nesta edição, esse número subiu para 15%. Ainda assim, persiste o grande desafio de superação do ‘vale da morte’, com ganho de sustentabilidade financeira e definição de modelo de negócio.
Os dados mostram, ainda, que apenas 30% se autodeclaram com sustentabilidade financeira; 15% disseram ainda não estar faturando em 2022; dos 66% que declararam faturamento, 75% faturam até R$ 1 milhão/ano.
Apenas 37% se autodeclararam nos estágios de Tração e Escala”, aponta Anna de Souza Aranha, sócia e coCEO do Quintessa e também coordenadora do Mapa 2023.
O perfil dos empreendedores
O levantamento mostrou que há um equilíbrio entre homens (22%) e mulheres (21%) nas empresas. Os brancos são 33% das equipes; 11% são pretos e pardos; e 1% amarelo e indígena. Nos dados de orientação sexual, 15% dos negócios têm na equipe fundadores/lideranças que integram o grupo LGBTQIAP+. A leitura sobre pessoas com deficiência aponta que 5% dos negócios declararam ter fundadores e lideranças com esse perfil.
Se levarmos em consideração o número total de empreendedores, 51% dos fundadores/lideranças são homens; 48%, mulheres; e 1%, outros gêneros. Na faixa etária, considerando uma base de 910 entrevistados, temos: 2% (18 a 24 anos); 8% (25 a 29 anos); 15% (30 a 34 anos); 18% (35 a 39 anos); 16% (40 a 44 anos): 11% (45 a 49 anos); 10% (50 a 54 anos); 5% (55 a 59 anos); 4%(60 a 64 anos); e 2% (65 anos ou mais). Na escolaridade, a maioria (61%) possui pós-graduação, mestrado, doutorado ou pós-doutorado; sendo seguidas por 29% com ensino superior completo.
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