Segundo o Programa Mundial de Avaliação da Água da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), o consumo de água no planeta irá aumentar entre 20% a 30% até 2050. Essa expectativa, aliada à possível escassez do recurso e políticas de sustentabilidade, tem estimulado as indústrias buscar a eficiência hídrica nas operações, de forma a reduzir a captação em fontes primárias.
Na indústria da celulose, os esforços da Eldorado Brasil levaram a uma redução de 24% no volume de água utilizado na produção entre 2022 e 2012, quando as operações tiveram início. Todas as etapas do processo são reguladas por critérios legais e técnicos definidos nas licenças ambientais. E, para a indústria processar a madeira e separar a fibra da celulose, é necessário o uso de água em várias etapas do processo.
“Estamos atentos a todas as oportunidades para tornar a produção mais eficiente, sempre considerando os aspectos ligados à sustentabilidade, nós adotamos ações de controle do consumo de captação superficial nas florestas, e os dados são analisados para verificação quanto ao atendimento dos critérios, dos parâmetros e das metas. Podemos afirmar que a extração de água para projetos florestais está de acordo com a recomendação técnica, e os efeitos sobre a extração de água estão dentro dos padrões estabelecidos pela empresa e em consonância com a legislação aplicável”, explica Fabio de Paula, gerente executivo de Sustentabilidade e Meio Ambiente da Eldorado Brasil.
Foco na sustentabilidade desde a fundação
O uso consciente da água já fazia parte das estratégias da empresa bem antes de se tornar uma preocupação para as demais companhias. “Desde a inauguração adotamos sistemas de alta tecnologia para recuperação de perdas e, principalmente, para tratamento de efluentes e seguimos investindo em melhorias para conseguir o menor consumo de água possível”, destaca Fabio de Paula.
Ao longo dos anos, a dedicação dos times e o investimento em melhoria contínua trouxeram índices cada vez mais sustentáveis, como é o caso do consumo da água no processo industrial para produção de celulose, que ficou em 24,5 m ³/tsa (toneladas de celulose) no último ano. Quando comparado ao mercado, o resultado da fábrica permanece em destaque, já que o IPPC (Integrated Prevention Pollution Control) indica consumo de 30 m³ a 50 m³ por tonelada de celulose produzida.
As ações da Eldorado
Em 2017, a companhia iniciou dois grandes projetos para a otimização do uso de água em seus plantios. De Paula conta que o primeiro consistiu no desenvolvimento de uma “Calculadora de Irrigação”, um software que auxilia os técnicos de campo na determinação da quantidade e da frequência de irrigações necessárias a partir de informações de previsão de tempo. Já o segundo, realizado em parceria com a Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, é o “Quando e Quanto Irrigar?”, que por meio de estudos de técnicas e equipamentos consegue determinar com precisão o momento correto da irrigação e o volume de água necessário.
“Em 2019, a área da tecnologia da Eldorado e a UFMS criou o Projeto IrrigaELD, que nos permitiu avançar com os estudos relacionados ao manejo da irrigação e indicaram a possibilidade real de economia de até 50% do volume de água consumida na fase de plantio, contribuindo diretamente com a produção sustentável”, conta o executivo.
Ele acrescenta que no Complexo Industrial, é utilizada a água de lavagem de filtros da Etac (Estação de tratamento de água de caldeira) na bacia da torre de resfriamento de utilidades, onde antes era usada água industrial para reposição das perdas, e paralelamente passou a tratar menos efluente.
“Trabalhamos com modernas Estações de Tratamentos de Água e Efluentes [ETA/ETE] e devolvemos ao rio praticamente todo o volume que captamos. Em 2022, mais de 86% da água utilizada retornou ao rio Paraná em condições ambientais adequadas. Para tanto, adotamos tecnologias avançadas de tratamento de efluentes. Esses sistemas removem impurezas e substâncias nocivas da água residual, garantindo que ela atenda aos parâmetros ambientais estabelecidos pelo CONAMA [Conselho Nacional do Meio Ambiente], aplicada a efluentes lançados nos corpos hídricos”, conta de Paula, ressaltando que dos 14% restantes da água utilizada, parte é incorporada ao produto final, ou seja, à celulose. “Isso significa que a água é retida na matéria-prima e faz parte do produto como fator de umidade. O que sobra retorna ao ambiente por evaporação, sem causar impactos negativos.”
Monitoramento dos recursos hídricos
Para acompanhar e controlar o uso consciente da água, a Eldorado segue os seguintes indicadores:
- Indicador Quantitativo – Extração de Água: controle do consumo vindo de captação subterrânea e superficial para produção de mudas e implantação e manutenção de florestas. Os dados são estratificados e analisados para verificação quanto ao atendimento aos critérios, parâmetros e metas.
- Indicador Qualitativo – Viveiro, Córregos e Fazendas: controle e monitoramento via análises de água para garantir que estejam dentro das premissas legais. São avaliadas: a potabilidade da água dos poços do viveiro para consumo humano; efeito do manejo florestal nas águas superficiais do Córrego Jataí, afluente do Ribeirão Boa Vista, Córrego Estiva, ribeirões Indaiá e Brioso.
- Monitoramento de Microbacia: a Eldorado integra o Programa Cooperativo de Monitoramento e Modelagem em Bacias Hidrográficas (PROMAB) para realizar o controle hidrológico de uma de suas microbacias. Todos os dados são disponibilizados ao PROMAB/IPEF para estudos regionais e estaduais. Além disso, as informações consolidadas estão disponíveis para todos os parceiros vinculados ao programa e fazem parte dos estudos da empresa no que tange aos recursos hídricos. Em parceria com cursos de graduação e pós da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, foi promovido um Estudo de Vulnerabilidade Ambiental e Hídrica Mediante, com o objetivo gerar os mapas de vulnerabilidade hídrica e ambiental das bacias Ribeirão das Cruzes, do Córrego Bebedouro e do Córrego Urutu. Os resultados deste trabalho remeterão a uma melhoria contínua de ações e programas ambientais para a seguridade ambiental das microbacias, assim como a mensuração de potenciais impactos ambientais relacionados aos recursos hídricos.
“A Eldorado depende dos recursos naturais para suas atividades, sendo a disponibilidade de água fator essencial para a produção florestal e industrial. O consumo inteligente de recursos naturais, a eficiência energética e a baixa emissão de poluentes geram ganhos operacionais e criam valor ambiental e para a sociedade”, conclui o gerente executivo de Sustentabilidade e Meio Ambiente da companhia.